13/09/2009

The voice


O fato é que homem não gosta de mulher que presta. Ficar se vestindo bem, sem decotes ou algo que chame atenção, não quer dizer nada. Saber um pouquinho de literatura, história, política, você é considerada ultrapassada (acredita?). Ter um bom coração é sinônimo de burrice. Ter olhar doce é sinal de carência. Ser educada é sinal de conquistadora. Se você é tudo isso, acredite, homens não gostam de mulheres que prestam pra alguma coisa e sim daquelas que não fazem outra coisa a não ser desfilar com suas maquiagens e babados, seus sorrisos e câmeras digitais pelo shopping, frequentadoras de shows e festinhas de gente "wanna be" que ninguém consegue andar pela quantidade de corações esmagados que tem no chão.
Depois de cinco meses, não sei se quero mais a presença dele. Acho que estando sozinha eu não tenho que me preocupar com cabelo, unha, depilação, etc. Eu posso muito bem ler no sábado à noite, assistir um filme P&B e depois ir dormir. Mesmo com todo mundo falando que realmente, você é melhor assim Rafa, eu começo a discordar do "acho" e passo a ter certeza: eu te queria. Queria, porque foi uma história meio sem começo, meio sem fim. Queria, porque sempre quando estou numa rodinha de amigas em algum bar e começa a tocar alguma música bonita eu fecho os olhos e abro aquele sorriso singelo angelical, lembrando dos nossos segundos juntos, dos nossos beijos e da sua mão gelada ao tocar a minha numa noite em que, meu bem, eu quase morri de tanta felicidade. Hoje eu morro por não sentir mais seu toque. Já faz cinco meses e eu ainda posso sentir.
Mais você, meu bem, quis a garota magra da conta bancária gorda. Você quis a sua coleguinha. Quis a sua garota da perna malhada e da bunda mais durinha. Ela mexe no cabelo, ajeita o decote, cruza e descruza as pernas em saia curta, sacode ombros, faz beicinho, fecha os olhinhos, empina peitinhos para tentar me provocar raiva e até mesmo ciúmes. Mas Rafa Smith está concentradíssima em sua torta de chocolate e suco de laranja, trocando olhares com os amigos na sua frente encantados somente nos segundinhos que separam uma garfada de outra.
Apesar do som que desconcentra até os fumantes mais neuróticos e as bexigas mais desesperadas depois da cervejinha, as mocinhas e tiazolas, no fundo (bem no fundo) estão lá para ouvir a voz do cantor que estava lá nesse final de semana, Daniel. E não é que ele, espertinho, ainda me resolve cantar na última música? Você e sua garota no canto, fingindo nem me conhecer, ela, impassiva e chamativa, nem me viram atravessar a praça de alimentação. Estava impossível andar de salto naquele chão com tantos corações esmagados.