11/06/2009

O cinza de tudo


Eu quis chorar e disfarcei olhando para as pessoas fazendo caminhada do outro lado da rua, com os olhos imóveis. Tudo parecia mais cinza com aquela luz branca baixa. Muitas pessoas na rua aquela hora. E mesmo assim eu só conseguia ver você com aquela blusa azul que eu tanto te acho lindo nela. Um precipício. Tudo mais uma vez desconhecido.
Eu quero correr o tempo de volta. Virar a ampulheta e te encontrar. Novo começo. Quando, ainda, a história não havia encoberto o meu sorriso em nuvens de tristeza. Que momento esse seria, se naquele dia que nos conhecemos, mesmo gentil em nosso primeiro encontro, já existia um cinza estranho projetado no meu olhar?
Eu não sei, são tantos e todos os eventos na vida do ser humano. Tantas peças, nunca soube juntá-las. Nem sequer as minhas. Vide essa cinza, sempre lá e cá, nunca colorido. Nada que pinto. Um vestido, uma sandália e uma caixinha de lembrar. E mesmo assim o cinza parece pesado e grande. Vai entender. Você diante de mim, agora, segurando o copo de alma selada. Sem nada falar. Mas, o único mistério, é essa sombra maior que seu corpo projeta na minha existência. E eu fico aqui, apagada, tentando te enxergar sem meu óculos e com o cinza na mente. É noite, fria, gelando a ponta do nariz e doendo no coração. Eu tento decifrar, mas apenas me perco em considerações pessoais. Sobre você, tudo é tão simples que dói. Então, só me resta fantasiar alguma teoria louca, sobre o cinza das nuvens de inverno. Aqueles dias sem fim de frio e pouca cor. Como essa vida que mora atrás do meu olhar. Nessa maldita noite.
Nós nos cumprimentamos assim: sem encontrar o nosso passo, sem encontrar nossos abraços.