07/06/2009

A perdida


Trago com força. Tento assimilar a tarde de ontem. Palavras soltas. Leve ironia. O chão desaparecendo sob os meus pés.
Só mesmo comigo para acontecer uma dessa. Só mesmo com a louquinha que acha que viver bem é entregar - se a tudo que há. Só com quem bate no peito e berra aos cantos, interessados e desinteressados: Just be free. Talvez nunca tivesse me sangrado tanto ser todos os instantes.
Com uma só pancada foi - se lentamente o sorriso, a admiração que nutria por você e, também o estar - se à vontade ao seu lado. Essa pancada tua fez ir embora até a minha auto - estima. E um homem que maltrata uma mulher ao ponto de faze - lá sentir - se menos atraente não merece seguir ileso. Dá pra aceitar um monte de coisa, mas com a auto – estima de uma mulher não se brinca.
Um gole de café amargo. Mais um trago. A folha de papel parece sumir da minha frente. Embriago - me de rancor e fumaça. Neste momento eu trocaria todos os bons segundos que estive junto de você para não ter que me sentir tão poste hoje, agora.
Eu via tanto de herói em você. Enxerguei os olhos ternos bem mais e primeiro do que os ombros largos. Sei que isso é exclusivo do universo feminino. Naturalmente, você não romantizou nem um gesto. Nem uma vez nem outra. A massagem, o cafuné... nada, você não sentimentalizou nada.
Não pense que eu fiz planos, eu não queria de verdade nada duradouro, não pensei no passo de depois. Mas assim não é certo. As máscaras não caem assim tão rápidas, caem? Percebi que a figura heróica só mesmo existiu porque eu rabisquei dando forma, colori o interior e, ainda usei efeito de movimento, dando vida ao personagem.
Só eu mesma pra me perder numa reta.