04/05/2009

Castigo meu!

Vou me despedir e acabo logo com isso. Tá todo mundo me olhando. E que raio de jeito eu arrumo pra essa maldita lágrima não borrar minha maquiagem. Nem cuspe eu tenho pra engolir… É eu to sentindo uma febre me queimando no peito.
Eles estão me acenando um adeus que nem sabem que é adeus pra sempre mesmo. Bato um adeus com a mão no ar, que controle foi embora, minha boca treme o que era pra ser um sorriso. Mas é uma baita duma careta, aposto! E não é que os dois estão cantando a maldita música que tanto me amo! Aquela do Oasis - Champagne Supernova - mas agora… minha nossa… até parece prece no entardecer, parece mesmo a hora da Ave Maria… Por que será essa musiquinha misturado com esse momento virou oração? E não é que até o céu parece eu, triste e cinza, vontade de chorar.
O povo todo me olha todinha. Tremo na carne; o avião se vai e eu rodo em meu corpo fraquinho que preciso ir embora. Nada de avião sumindo pra sempre, senão não vejo mais a face deles, a solidão eu boto guardo na caixa de jóias que ganhei no lugar do ovo de páscoa Xoquito que eu tanto queria…. Mas mulher pode chorar e já não ligo se a tal lágrima descer... tá com jeito de chuva mesmo. Ou então eu to suando e… chega! Vou cantar, mas só sei de decorado a tal musiquinha do Oasis. Mas mulher menina canta. Minha voz é fraca, mas sai tudinho num ritmo certo, parece rádio que repete a mesma música sempre…
Agora complica-se um pouco mais: parece oração de romaria que os padres do Colégio São Francisco fazem - ou pelo o menos faziam - ou coral de fim de ano. Ou eu também fiquei louca ou será toda a voz do povo a me acompanhar nesse meu canto emprestado das duas, as minhas abelhinhas sem memória. Cai lágrima, não sei mesmo te secar, nem nada da vida! Tão mesmo cantando? Se olhar pra trás eu vou saber… mas que me importa isso agora? De certo o céu não caiu e nem o mundo acabou. Elas ficam bem. Vou-me embora. Não vou mais cismar senão esqueço a canção do Oasis.