13/05/2009

Dito mundo

Fim do mundo. Não é mais um “texto clichê” sobre catástrofes, argumentos bíblicos, previsão maia, nem nada do tipo. É algo intrínseco as nossas mãos, nossas próprias mãos. E que me desculpe os maias, os cientistas, mas nós somos os verdadeiros protagonistas desse filme P&B Europeu. Desconsiderando prés e prós, a situação em questão não deve ser discutida a partir de uma visão religiosa, científica, e muito menos ficcional. Nossa realidade vai além de beijos técnicos ou mocinhos com cabelo emprastado de gel e com bochecha rosada, mesmo que nesse lugar – dito mundo – a maioria saiba atuar muito bem, obedecendo ao que está no roteiro de uma modinha contemporânea ou de uma ideologia sem pé nem cabeça. A humanidade – sem humanidade – está vivendo em absoluta falta de sincronia. E isso, quando entendido como um fenômeno evolucionário em que o individualismo se torna culminante a qualquer tipo de movimento sensível e humano, pode ser apontada como uma das maiores razões causadoras dos conflitos de interesses entre nações, religiões, preferências sexuais e relacionamentos. O mundo é equacional, tudo que está fora da ordem, está em função dessa assincronia multipolarizadora da desumanidade que é inversamente proporcional à solidariedade e ao favorecimento universal. E nesse umbigocentrismo todo, cada um faz o que quer, do jeito que quer, na hora que quer. O Homo assincronicus assim se revela no momento em que, graças a essa (triste) evolução, mostra que para ele o que vale é a realização do seu querer individual. Poucos são aqueles que conjugam seus quereres com o outro, ou até os ainda mais raros, que fazem dos quereres do outro, quereres seus. Em nome da realização de um querer instantâneo o Homo assincronicus abstrai, e por vezes até desrespeita, a vontade do outro. O qual não necessariamente se encontra no mesmo estágio evolucionário da espécie.A população mundial deve ser formada, hoje, por 97% de Homo assincronicus. O que faz dos míseros 3%, os Homo sincronicus, uma espécie em extinção. É como se essas duas espécies habitassem universos paralelos de uma realidade compartilhada. Como se fossem extremos opostos, inconfundivelmente, água e óleo. No mundo assincrônico (que é formado por vários micromundos), ninguém ama ninguém. Só a si próprio. Todos são deuses supremos de seus micromundos. Déspotas de suas monarquias sem súditos. Esse caos sincronizado se dá pela falta do que realmente vale a pena, aqui e agora. O homem nasceu pra ser livre, ter a liberdade de fazer o que bem entender e sentir o que quiser. O problema é se deixar levar por essas opressões de sentimentos, que acabam sendo omitidos. Nesse universo – que é mundo sim – desperdiçamos tão banalmente cada oportunidade de realmente ser e não apenas ter, porque nós nos esquecemos de valorizar o que somos, sempre que damos valor só ao que temos. É preciso amar mais. Deixar de ser apenas um ser humano pra poder “ser1mano”.



Viuller Bernardo, Rafaella Smith