11/05/2009

Numericamente exausto


Meu Deus, que tédio. Não agüento mais, estou ficando estressado. Minha agenda de afazeres não me dá descanso. Tenho que estar sempre fazendo alguma coisa produtiva com aquela pilha de livros didáticos que eu nem mesmo leio a metade da metade. Há tantos anos que venho acordando antes do sol dar as caras por aí. Gasto a metade do dia aprendendo. Mas aprendendo o que? Que diabos eu vou querer saber sobre a trajetória de um objeto em velocidade constante, aceleração nula, gravidade comum, de pressão 10atm a 26 ºC e abaixo do nível do mar? Recupere o fôlego! Sendo que eu nunca vou desprezar a resistência do ar ou considerar que estou no vácuo. Essa minha vida já está muito cheia de incógnitas misteriosas e indeterminadas. Como se pode aprender essas babaquices ditas “exatas”? Se pra fazer um cálculo tenho que considerar até se meu vizinho tem se alimentado bem ultimamente, consumido bastante carboidrato. Tem gente (pirada) que gosta. Eu não. Eu não quero saber nada dessas suposições fúteis. É muito “imaginar” e “supor” pro meu gosto. Fugir da realidade, eu já fujo há muito tempo pra poder esquecer as hipocrisias humanas. Preciso de um transe corporal, um coma induzido. Não por mim. Numericamente induzido pelo cansaço. Tem um desejo que me toma sempre que percebo minha fraqueza por tarefas coercitivas desse mundo. Sempre que eu passo noites em claro pra recuperar minha nota em matemática ou sempre que deixo de escrever o que há de mais belo nessa vida. Vou abandonar toda essa regularidade dos dias monótonos e cansativos. Eu vou à praia. Pegar altas ondas, mesmo que eu nem saiba boiar na água. Cantarei Plain White T’s misturado com Jack Johnson ao redor de uma fogueira, enrolado num cobertor meio sujo de marshmellow. Ao sol nascente, sentarei na areia gelada, descalçarei minhas Havaianas (as legítimas) e escreverei ao ritmo das ondas do mar. E a sua melancolia há de me desestressar.